quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Pistoleiro Papacu

(Eu SEI que é "Papaco", mas está escrito assim na capa do VHS)

Pistoleiro bissexual trajado de negro vaga pelo oeste americano (na verdade o interior de São Paulo) com um caixão que contém uma valiosa e cobiçada mercadoria. No meio do caminho, salva uma jovem de ser estuprada e leva-a consigo até a cidade de Santa Cruz das Almas, onde, entre uma ida e outra no bordel, duela com foras-da-lei, entre eles um xerife mexicano gay e um pistoleiro anão (obviamente o Chumbinho), que querem a qualquer custo sua mercadoria.

Surpreendentemente bem-produzido, principalmente se considerarmos que esse é um filme de sexo explícito com cenas para ambos os gostos - se é que você me entende -, "Um Pistoleiro Chamado Papaco" (na verdade o nome do protagonista é "Papacu", mas devem ter achado que o trocadilho nada sutil poderia chocar alguém - afinal, só existem pornôs de nome casto) é uma bem sucedida incursão da Boca no Lixo no sub-gênero porn-western.

A cena inicial mostra que o filme já chega com tudo: um mexicano tentar matar Papacu, que rende o sujeito e, como punição, sodomiza-o a seco (cena não-explícita), apesar dos suplícios em portunhol do sujeito ("ay caramba, la se van las pregas!"). Depois a obra copia, praticamente na íntegra, a trama de Django, clássico spaghetti-western de Sergio Corbucci estrelado por Franco Nero. Depois de salvar uma jovem "estuprada" por três malfeitores (boto aspas pois ela parecia estar se divertindo bastante), Papacu segue para a cidade de Santa Cruz das Almas, a fim de de vender o misterioso carregamento que guarda dentro de um caixão. Na cidade todos os larápios e bandidos ficam de tomar posse do ataúde e partem pra cima de Papacu, que despacha todos num bem-realizado tiroteio. Porém, ainda há quem queira o carregamento de Papacu.

Papacu segue para o bordel da cidade, onde ignora os pedidos da moça que salvou para dormir com ela, pois diz que o negócio dele é outro. Enquanto isso, o mexicano sodomizado por Papacu segue até o xerife da cidade, que não gosta de ser irritado enquanto pratica felação no seu namorado (cena explícita). Surge então a figura da rainha do crime da cidade (ou algo assim, o filme não explica direito), que contrata a gangue de Sartana para dar cabo em Papacu depois que ficou sabendo de suas peripécias por meio do caubói anão Big Boy (Chumbinho). Papacu cuida novamente dos malfeitores com facilidade, e, apesar de suas preferências homo-eróticas, é coagido pelas meninas do bordel a fazer uma orgia. Uma delas ao indagar se por acaso Papacu tinha mudado de time, se depara com a seguinte resposta da colega: "O ato não anula o fato, tem gente que corta pros dois lados".

Como não sobraram pistoleiros na cidade a madame do crime se vê numa sinuca de bico, quando então o caubói anão Big Boy se oferece para trazer até ela o pistoleiro, em troca de, hã, digamos, favores carnais. Depois de finda a orgia no bordel, Papacu está exausto, e dorme tranquilamente de bruços. Big Boy, o cowboy anão, chega ao bordel e pergunta por Papacu, sendo ridicularizado pelas profissionais da casa, pois "baixinho só serve pra levar recado pra puta".

Big Boy, o caubói anão, mostra então sua faceta violenta e invade o quarto rendendo Papacu ao enfiar sua arma aonde a luz sol não chega. Rendido e levado até a madame do crime, Papacu faz sexo com ela (não há qualquer menção ao caixão, apesar de aparentemente este ter sido o motivo principal dos conflitos com Papacu) e Big Boy, o caubói anão, também cobra o que lhe foi prometido. O filme acaba com Papacu abrindo seu caixão, mostrando que dentro havia uma infinidade de vibradores e indo embora em direção ao ocaso.

O filme é diversão garantida para os entusiastas do estilo Boca do Lixo de pornochanchadas. Apesar de poucas piadas físicas (ao contrário de Fuk Fuk à Brasileira, por exemplo), os diálogos do filme são primorosos, cheios de trocadilhos, sotaques cômicos e impropérios até dizer chega. Os fãs de spaghetti-western vão se divertir catando as referências no filme, que é uma espécie de versão XXX de filmes como Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu.

Mas o mais legal de tudo, fora a participação do Chumbinho, lógico, é quem dá vida ao protagonista: ninguém menos que Fernando Benini, famoso por interpretar o saudoso personagem Papai Papudo ("que horas são? são cinco e sessenta!") no fantástico "Programa do Bozo" (que também dirigia), e por levar uns pontapés nas pegadinhas do extinto "Topa Tudo por Dinheiro". Ao contrário de Rony Cócegas (conhecido por seu personagem Galeão Cumbica, da "Escolinha do Professor Raimundo"), que fazia uma participação e a música-tema ("A Minha Sogra Em Rabada é Boa" - sacaram?) em outro clássico da Boca, Rabo I - Programado para Trepar, Benini antecipa os passos de Alexandre Frota e não só protagoniza o longa como manda ver também nas cenas de sexo explícito.

- Diogenes L. Cesar

TRAILER

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